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Ministérios fatiados

Dilma determina que nenhuma legenda tenha poder absoluto sobre Ministério que lidera. PP e PSD, entre outros, esperavam preencher todos os postos de 2º escalão.
Catarina Alencastro e Luiza Damé | O GLOBO
09 de janeiro de 2015 às 11:26
Presidente Dilma Rousseff reunida com os novos ministros Foto: Presidência da República
 


BRASÍLIA— Em meio a disputas em torno do segundo escalão do governo, o Palácio do Planalto decidiu que não haverá “porteira fechada” no preenchimento de cargos nos ministérios — ou seja, os partidos que indicaram os ministros não terão o direito de nomear os ocupantes de todo o segundo escalão. A presidente Dilma Rousseff determinou que o ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas, receba as demandas dos partidos que comandam cada pasta da Esplanada, mas que nenhuma legenda tenha poder absoluto sobre sua área. Haverá a predominância do partido que ocupa o ministério, mas outros aliados comporão a equipe.


A decisão do governo frustra expectativas dos aliados. O PP, que ocupa o Ministério da Integração Nacional, espera ter autonomia para preencher com quadros próprios as secretarias e órgãos. Além da secretaria executiva, a Integração tem mais cinco secretarias setoriais (Infraestrutura Hídrica, Desenvolvimento Regional, Irrigação, Defesa Civil e Fundos Regionais) e cinco autarquias (Sudam, Sudene, Sudeco, Dnocs e Codevasf).


O PSD, que ganhou o Ministério das Cidades, também quer encher a pasta com os seus indicados para dar as cartas em obras importantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em Cidades estão abrigadas as secretarias de Planejamento e Orçamento, Habitação (que toca o programa Minha Casa Minha Vida), Saneamento, Mobilidade Urbana e Acessibilidade. Além dessas, há Denatran, a CBTU e o Trensurb.


A montagem do segundo escalão será comandada por Vargas, mas o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ajudará no xadrez político, quando houver conflitos. Caso os dois não consigam resolver algum problema, o assunto será então levado para Dilma arbitrar.

— Os partidos sempre criam tensões para ganhar mais — disse um interlocutor do governo.


Acreditando ter sido prejudicado na composição dos ministérios, o PMDB pressiona para manter o poder que tem especialmente no Nordeste, como nas presidências do Dnocs e da Sudene. No entanto, a lógica de Dilma é ter nomes técnicos e de sua confiança em pontos estratégicos. No primeiro mandato, Dilma despachava diretamente com subordinados de seus ministros. Era comum ela chamar os então secretários executivos da Previdência, Carlos Gabas; da Fazenda, Nelson Barbosa; e do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, para conversar.


CORRENTES DO PT TAMBÉM BRIGAM POR SEGUNDO ESCALÃO

Assim como os demais partidos da base da presidente Dilma Rousseff, o PT está de olho no segundo escalão do governo. O partido foi desalojado dos Ministérios da Educação e da Fazenda, e sua corrente majoritária, a Construindo um Novo Brasil (CNB), do ex-presidente Lula, perdeu espaço político no Palácio do Planalto. Agora, o objetivo é compensar sua perda de espaço no ministério com cargos que lidam diretamente com programas importantes do governo.


O presidente do PT, Rui Falcão, se reuniu anteontem com a presidente Dilma e, no dia anterior, com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais). Uma das principais preocupações é com a perda dos cargos no Ministério da Educação, que passou a ser comandado pelo ex-governador do Ceará Cid Gomes (PROS).

— Dilma montou um “gauchutério” — reclamou um integrante do PT sobre a representação do Rio Grande do Sul, estado onde a presidente fez carreira política, no ministério.


O PT do Rio, que ficou sem ministério algum, também quer ser contemplado. Petistas do estado alegam que Dilma foi vitoriosa no Rio, nas últimas eleições, e cobram a fatura. As nomeações para esses cargos só deverão ser feitas em fevereiro, depois que o Congresso voltar a funcionar.


Nas conversas com os ministros e com Dilma, Falcão teria reclamado do desequilíbrio das tendências internas do PT no novo ministério, e demonstrado preocupação com a possível repetição desse quadro no segundo escalão. O PT está mapeando os cargos e, a partir daí, fará suas reivindicações.


Além da disputa por espaço no governo com outros partidos, os petistas estão em pé de guerra internamente. Uma das crises mais recentes deve-se à intenção do ministro Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência, de nomear Gabriel Medina, da corrente petista Democracia Socialista, como ele, para a Secretaria Nacional de Juventude. A atual secretária, Severine Macedo, é da CNB e conselheira do Instituto Lula.



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