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Vice argentino é processado por corrupção

O vice-presidente da Argentina, Amado Bodou, é acusado formalmente por corrupção. Juiz federal Ariel Lijo investiga socorro do governo à indústria de impressão Ciccone Calcográfica, onde são impressos os pesos argentinos.
Janaína Figueiredo | O GLOBO
28 de junho de 2014 às 10:29

BUENOS AIRES — Numa decisão inédita e histórica para o país, o juiz argentino Ariel Lijo processou, na noite de sexta-feira, o vice-presidente do país, Amado Boudou, no chamado escândalo Ciccone, no qual Boudou é acusado de ter favorecido empresários amigos e supostos sócios para assumir o controle de uma das maiores empresas gráficas da Argentina, onde é impressa a moeda nacional. Boudou foi processado por “suborno e negociações incompatíveis com a função pública”. A grande dúvida que existe agora é saber o que fará a presidente Cristina Kirchner, que até então optou por defender e até mesmo proteger seu vice.


Boudou, que foi ministro da Economia entre 2009 e 2011, é o primeiro vice-presidente interino na história da Argentina a ser processado em um caso de corrupção. A decisão ocorre enquanto ele se encontra em Havana, para uma viagem internacional iniciada na quinta-feira e que deve ser seguir até a próxima terça-feira. Antes de embarcar, o vice pediu ao juiz uma audiência para estender o seu testemunho em uma corte federal.


Boudou, aproveitando sua posição como funcionário público, e Nuñez Carmona, teriam acordado com Nicolás e Héctor Ciccone e William Reinwick a transferência de 70% da empresa Ciccone Calcográfica em troca da realização de atos necessários para que a empresa pudesse voltar a operar e assinar contratos com a administração pública”, afirma o texto da sentença judicial, de 333 páginas.


O juiz também processou José Maria Nuñez Carmona, amigo e sócio de Boudou durante muitos anos. Carmona comandou, seguindo expressas ordens do vice argentino, as negociações com a família Ciccone para ficar com a empresa, em 2010. Na época, Boudou era ministro da Economia e, segundo as investigações de Lijo e sua equipe de colaboradores, conseguiu que a Afip (a Receita Federal local) concedesse benefícios tributários à empresa gráfica, para suspender um processo de falência. Em troca, com a companhia recuperada, a família Ciccone aceitou vendê-la para o fundo de investimentos The Old Fund, que era controlado por Alejandro Vanderbroele, suposto testa de ferro do vice argentino, que também foi processado pela Justiça.


A decisão implica um impacto político forte para o governo no momento em uma situação delicada enfrentada pelo fracasso da justiça dos EUA exigindo pagar os redutos.


Outros três suspeitos processados

O juiz processou, ainda, outros três acusados de envolvimento no caso, entre eles Nicolás Ciccone, que teria negociado a venda da empresa para os supostos sócios de Boudou.


Lijo decidiu convocar o vice para depor novamente, no próximo dia 16 de julho. Na sexta-feira, o próprio Boudou, que está em viagem oficial a Cuba e Panamá, pediu para ampliar seu depoimento. A decisão do juiz não foi uma surpresa, já que todas as informações que circularam nas últimas semanas, desde que Boudou compareceu aos tribunais de Comodoro Py, no centro portenho, no início de junho, indicavam que o juiz tinha em seu poder provas contundentes para avançar no processo.


Boudou, que também é presidente do Senado, não pode ser preso por sua imunidade. Para ordenar uma detenção do vice é necessário, primeiro, um impeachment, que deve ser aprovado por maioria absoluta no Congresso. A oposição tem vários projetos de julgamento políticos prontos, mas estava esperando a decisão da Justiça para dar o passo seguinte.

O juiz demonstrou que é ele quem manda neste processo, e não os advogados de Boudou, que pretendiam esticar os prazos ao máximo possível — declarou o senador da União Cívica Radical, Ernesto Sanz.


Para o jornalista Jorge Lanata, um dos primeiros em denunciar o caso, “ficou claro que, muitas vezes, o jornalismo ajuda a Justiça”.



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http://oglobo.globo.com/mundo/vice-presidente-da-argentina-acusado-formalmente-por-corrupcao-13057042#ixzz35wMxvuLn

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