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VEJA acusa Ministro Walton de estar a serviço de Dilma

Ministro do TCU conseguiu indicar a esposa para o STJ e o irmão para o TST com a ajuda de Dilma Rousseff. Mensagens da Casa Civil da Presidência da República revelam como funciona a troca de favores entre autoridades e seus padrinhos políticos.
Robson Bonin e Hugo Marques | VEJA
31 de agosto de 2014 às 13:41

O ministro Walton Alencar: ele dava atenção especial a processos de interesse do governo em troca da nomeação da mulher para uma vaga no STJ

 





















No organograma dos poderes, o Tribunal de Contas da União (TCU) exerce o papel de guardião dos cofres públicos. Do superintendente de uma repartição federal na Amazônia ao presidente da República, ninguém está livre de prestar contas ao órgão. É do TCU a missão de identificar e punir quem rouba e desperdiça dinheiro público, seja um servidor de terceiro escalão, um ministro de Estado ou uma dezena de diretores da Petrobras. Enfrentar interesses poderosos é da natureza do trabalho do tribunal. Por isso, seus ministros gozam de prerrogativas constitucionais, como a vitaliciedade no cargo, destinadas a lhes garantir autonomia no exercício da função.


No mundo ideal, o TCU é plenamente independente. Na prática, troca favores com o governo, sujeita-se às ordens do Palácio do Planalto e, assim, contribui para alimentar a roda do fisiologismo, mal que a corte, em teoria, deveria combater. VEJA teve acesso a um conjunto de mensagens que mostram que há ministros dispostos a servir aos poderosos de turno a fim de receber generosas contrapartidas, como a nomeação de parentes para cargos de ponta.


Trocadas durante o segundo mandato do presidente Lula, as mensagens revelam o ministro Walton Alencar, inclusive quando comandava o TCU, no pleno gozo de uma vida dupla. Nos julgamentos em plenário e nas manifestações públicas, Walton era o magistrado discreto, de perfil técnico, que atuava com rigor e independência. Em privado, era o informante, os olhos e os ouvidos no TCU de Dilma Rousseff, à época chefe da Casa Civil, e de Erenice Guerra, então braço-direito da ministra. Walton pôs o cargo e a presidência do tribunal a serviço da dupla. E o fez não por mera simpatia ou simples voluntarismo. Em troca, ele recebeu ajuda para emplacar a própria mulher, Isabel Gallotti, no cargo de ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ).


A trama toda ficou registrada em dezenas de mensagens entre Walton e Erenice, apreendidas em uma investigação da Polícia Federal. Com a colaboração das mulheres mais poderosas do Palácio do Planalto no segundo mandato de Lula, Walton conseguiu mobilizar um espantoso generalato de autoridades para defender a indicação da esposa.

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Erenice Guerra e Walton Alencar trocam dezenas de mensagens para tratar da candidatura da mulher do ministro, Isabel Galloti. Walton chegou a relatar ter conseguido o apoio de, pelo menos, trinta autoridades políticas, incluindo senadores, governadores e lideranças do Congresso. Apesar de ser considerada jovem para o cargo, Isabel foi nomeada por Lula em agosto de 2010, quando Erenice era a ministra da Casa Civil.

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A parceria seguia intensa. Entre 2008 e 2010, Walton foi acionado várias vezes para socorrer o ex-diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, em processos que tramitavam no Tribunal. Figueiredo é um técnico muito próximo a Dilma Rousseff. Nos bastidores de Brasília, era tratado como 'superministro' da infraestrutura. 


Walton agiu para impedir que ele fosse condenado por supostas irregularidades na ANTT. Além de alertar Erenice sobre a tramitação do processo, o informante chegou a antecipar como votaria no caso: "Oi Erenice. O processo da ANTT (contra Bernardo Figueiredo) vai entrar mesmo na quarta-feira. Vou suscitar a preliminar de litispendência(...)". Em setembro de 2010, Erenice Guerra foi demitida da Casa Civil, mas a troca de gentilezas continuou a pleno vapor.


Em junho do ano passado, Erenice, agora como lobista de sucesso, esteve no tribunal para conversar com Walton sobre interesses bilionários ligados à boa e velha ANTT. Devoto da cartilha governista, no início do ano Walton chegou a pressionar o ministro José Jorge para que não pedisse vista do processo de liberação do edital de concessão da Ferrovia de Integração Centro-Oeste, que liga Lucas do Rio Verde (MT) a Campinorte (GO). A concessão, a primeira de ferrovia elaborada pelo governo, é uma vitrine eleitoral para Dilma Rousseff. Graças a Walton, que é o relator da matéria, o TCU aprovou a liberação, quando alguns ministros não estavam mais na corte. 


Em janeiro passado, ao julgar um recurso, Walton irritou-se quando o colega José Jorge pediu vista do processo sobre a ferrovia, finalmente aprovado em 12 de fevereiro. No dia seguinte, a presidente Dilma anunciou o nome do novo minstro do Tribunal Superior do Trabalho (TST): Douglas Alencar, irmão de Walton Alencar. 

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Leia mais em:

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/flagrante-de-fisiologismo-como-um-ministro-do-tcu-se-pos-a-servico-de-dilma-para-emplacar-a-mulher-em-um-cargo


Rádio CBN informa que o Ministro Walton Alencar Rodrigues divulgou Nota na qual nega as acusações.

 

 

 

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