A atriz austríaca nasceu em 1914 como Hedwig Eva Maria Kiesler e casou-se aos 18 anos com um fabricante de armamentos muito possessivo. Seu marido interrompeu temporariamente sua carreira artística e insistia para que ela o acompanhasse em todos os momentos, incluindo importantes reuniões de negócios, onde detalhes secretos de novas tecnologias eram debatidos abertamente.
Para fugir de um relacionamento insuportável, ela se disfarçou como sua própria camareira e se exilou nos Estados Unidos, onde recomeçaria sua carreira nas telas grandes e adotaria o nome de Hedy Lamarr. Ela chegou a fazer 18 filmes em Hollywood, entre 1940 e 1949.
Mas Lamarr entra para a história da tecnologia em 1941, no auge da Segunda Guerra Mundial. A atriz debatia com o compositor George Antheil, seu vizinho, o problema enfrentado pela Marinha americana e seus torpedos teleguiados. Uma simples transmissão emitida pelo inimigo poderia interferir com a frequência do sinal dos torpedos e tirá-los do curso.
Lamarr entendia de torpedos e seus mecanismos, graças a conversas entreouvidas na Áustria. Junto com Antheil, ela desenvolveu um sistema de frequências múltiplas aleatórias que tornariam extremamente difícil que o sinal fosse interceptado pelo alvo.
A atriz tentou entrar para o Conselho Nacional de Inventores para auxiliar no esforço militar americano contra o nazismo, mas foi persuadida por membros do grupo a continuar sua carreira de atriz e usar sua influência para garantir que as pessoas continuassem comprando bônus de guerra.
A dupla Lamarr e Antheil registrou a patente do sistema, mas ele não foi adotado pela Marinha até 1962, durante a Crise dos Mísseis Cubanos. O conceito de troca de frequência permaneceria militarizada até se tornar o padrão de tecnologias como Bluetooth, CDMA e Wi-Fi.
Dois anos antes de morrer em 2000, Hedy Lamarr foi contemplada com uma homenagem pela Electronic Frontier Foundation por sua contribuição no desenvolvimento das redes sem fio atuais.