Notícias

Petrobras divulga Balanço não auditado

Queda no lucro do 3tri14 ante 2tri14 reflete baixa de valores de refinarias, mas ignora perdas com atos de corrupção. Ainda assim, em nove meses, o lucro recuou 22%, para R$ 13,439 bilhões sob esses termos. A PwC se recusou a avalizar o Balanço.
André Magnabosco e Luana Pavani | Agência Estado
28 de janeiro de 2015 às 09:17

São Paulo, 28/01/2015 - O aguardado balanço do terceiro trimestre de 2014 da Petrobrás não auditado foi divulgado na madrugada desta quarta-feira, com mais de 70 dias de atraso em relação à data prevista inicialmente, sem baixas contábeis relacionadas a atos ilícitos. Ainda assim, a companhia informa que a queda no lucro líquido do período em relação ao trimestre anterior reflete as maiores despesas operacionais, principalmente pela baixa dos valores relacionados à construção das refinarias Premium I (R$ 2,111 bilhões) e Premium II (R$ 596 milhões), devido à descontinuidade desses projetos.



O lucro líquido do terceiro trimestre não auditado e sem baixas contábeis da Operação Lava Jato, no critério atribuível aos acionistas, é de R$ 3,087 bilhões, 38% menor que o do segundo trimestre de 2014 e queda de 9,1% em relação ao lucro líquido de R$ 3,395 bilhões apurado no terceiro trimestre de 2013. Em nove meses, o lucro recuou 22%, para R$ 13,439 bilhões sob esses termos.


O balanço de hoje, assim como já era esperado, não foi auditado pela PwC. Em novembro passado, quando ainda esperavam a divulgação dos dados usuais do terceiro trimestre, analistas do mercado financeiro projetavam lucro de R$ 5,464 bilhões no período. A estimativa divulgada pelo Broadcast na oportunidade era calculada a partir da média das projeções de cinco casas consultadas (Bradesco Corretora, Morgan Stanley, Santander, UBS e Votorantim Corretora). Diante das incertezas acerca de quais informações seriam incorporadas ao balanço do terceiro trimestre, os analistas não fizeram novas projeções para o período.


O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) ajustado da estatal foi de R$ 11,735 bilhões, 28% menor que o do segundo trimestre de 2014 e 10,4% abaixo do terceiro trimestre de 2013.


O resultado foi impulsionado pelo aumento da produção da estatal, pelo dólar mais favorável às exportações e por um cenário menos adverso na atividade de compra externa e posterior revenda de combustíveis no mercado doméstico.


O mesmo dólar que impulsiona os indicadores operacionais tem efeito negativo no resultado financeiro. A linha financeira da Petrobras apresentou despesa líquida de R$ 972 milhões, menor do que a despesa financeira líquida de R$ 1,020 bilhão apurada no terceiro trimestre de 2013 e um pouco acima (3%) do segundo trimestre de 2014. A companhia explica que houve depreciação de 11,3% do real em relação ao dólar sobre a exposição passiva líquida em dólar, compensada pela apreciação de 7,7% do dólar em relação ao euro e de 5,2% ante a Libra sobre as exposições passivas líquidas nessas moedas e pela atualização monetária da contingência ativa referente aos valores de PIS/Cofins recolhidos indevidamente sobre receitas financeiras.


Sobre esse recolhimento indevido de PIS e Cofins sobre receitas financeiras no período de fevereiro de 1999 a dezembro de 2002, o atual balanço traz o reconhecimento da contingência ativa (R$ 820 milhões) e sua respectiva atualização monetária (R$ 1,357 bilhão).


O efeito cambial foi parcialmente compensado pela contabilidade de hedge adotada pela estatal desde 2013.


Operacional

Diversos dados operacionais de julho a setembro já eram conhecidos. No último dia 12 de dezembro, a companhia divulgou um material classificado pela própria Petrobras como "Informações Condensadas". O relatório informou uma elevação de 8,9% na produção total de petróleo e gás da estatal durante o trimestre, na comparação com o mesmo período de 2013. A produção totalizou 2,746 milhões de barris por dia de petróleo e gás natural.


O mesmo documento também revelou a receita de R$ 88,378 bilhões entre julho e setembro, uma expansão de 13,7% sobre o terceiro trimestre do ano anterior. O resultado representou um novo recorde histórico para a companhia, superando em 7,4% os R$ 82,298 bilhões acumulados no segundo trimestre de 2014.


O documento citou alguns dados operacionais, mas não trouxe o lucro, o Ebitda e nem detalhes de como seriam contabilizadas, por parte da estatal, as informações citadas em depoimentos feitos no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Tais investigações revelaram um amplo esquema de corrupção envolvendo nomes de ex-diretores da estatal e operações consideradas lesivas à estatal.


O andamento das investigações criou o impasse com a auditoria PwC, que se recusou a avalizar o balanço, e provocou o adiamento na divulgação do balanço do terceiro trimestre. Após o anúncio oficial de que a divulgação do balanço do terceiro trimestre seria postergada, contrariando assim o prazo estabelecido de até 45 dias após o fim do trimestre, a Petrobras anunciou a criação de uma diretoria de Governança, Risco e Conformidade e negociou com credores novas datas para a divulgação do material trimestral, ainda sem o aval dos auditores externos. 
 
Sou associado
E-mail ou Usuário(ID):
Senha:
Fórum da AUDITAR
 
Consultoria Jurídica
Twitter   Facebook   RSS
AUDITAR © 2024