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R$ 110 milhões em propinas no 'petrolão'

Executivo da Camargo Corrêa admite o pagamento de R$ 110 milhões em propina. Eduardo Leite, vice-presidente da empreiteira, detalhou a participação da empresa no esquema de corrupção da Petrobras.
Renato Onofre e Germano Oliveira | O GLOBO
17 de abril de 2015 às 23:51

SÃO PAULO — O vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, admitiu, em delação premiada, ter pago R$ 110 milhões em propina no esquema de corrupção da Petrobras. Os valores foram pagos entre 2007 e 2012. Segundo Leite, deste total, R$ 63 milhões foram para o ex-diretor de Serviços Renato Duque, e R$ 47 milhões a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal. O Ministério Público Federal (MPF) liberou os primeiros depoimentos relativos aos executivos da Camargo Corrêa na noite desta sexta-feira. Além de Leite, Dalton Avancini, presidente da empreiteira, também assinou o termo de colaboração.

 


De acordo com o delator, as vantagens indevidas foram desviadas de obras da Refinaria de Araucária (Repar), no Paraná, na Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, e na Refinaria Henrique Lage (Revap), São Paulo.


Os contratos assinados com a Petrobras a partir de 2007 teriam que ter um adicional para cumprir “compromissos e obrigações” com então consultor Julio Camargo, também um dos delatores do esquema. Ao consultor caberia “lavar” a propina que seria paga a Duque e ao ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco.


"Com o pagamento de propina, a construtora se mantinha no mercado e tornava-se mais fácil performar", justificou Leite aos investigadores.


O vice-presidente relatou ainda que em visita de “cortesia” a Duque, o ex-diretor da Petrobras “manifestou desconforto em fechar contratos com a Camargo Corrêa” por conta das investigações da Operação Castelo de Areia, que investigou um esquema de lavagem de dinheiro da empreiteira em São Paulo.


Também em delação premiada, Dalton Avancini detalhou como as empresas de consultoria eram usadas para lavagem do dinheiro desviado da Petrobras. Ele disse que quando assumiu a função de diretor de Óleo e Gás da empresa, em 2007, a Treviso, do empresário Julio Camargo, já tinha contratos de consultoria com a Camargo Corrêa que serviam para o pagamento de propinas. Ele admitiu ter pago R$ 20 milhões, sem que a Treviso tivesse prestado qualquer serviço à Camargo Corrêa.

"O assunto (pagamento de propinas) não me causou surpresa e foi tratado como uma obrigação comercial sem a qual os negócios não seriam fechados", disse Avancini na delação.

 

Ele lembra que ao final das obras da Refinaria da Revap, houve a necessidade de aditivos contratuais, que demandaram outros contratos de consultoria da Camargo Corrêa com a Piemonte, outra empresa de Julio Camargo, no final de 2011, no valor de R$ 10 milhões, sem que a Piemonte tivesse prestado qualquer serviço à Camargo Corrêa.


"A relação da Camargo Corrêa e as empresas de Julio Camargo já existiam antes de assumir o cargo na diretoria de Óleo e Gás. Em determinado momento entendi que não deveria mais pagar propinas, todavia Eduardo Leite foi chamado para um conversa com Julio Camargo o qual explicou que a Camargo Corrêa era inclusive devedora de outros valores a titulo de propinas e que a empresa teria problemas com outras obras junto a Petrobras".


CONTRATOS SUPERFATURADOS

Eduardo Leite disse ainda que ao assinar que os contratos a Petrobras, os custos não eram superfaturados, mas que com o incremento de aditivos, "um novo cenário" se formava. Ele afirmou que os custos da propina já fazia parte do planejamento da empresa.



Leia mais sobre esse assunto em:

http://oglobo.globo.com/brasil/executivo-da-camargo-correa-admite-pagamento-de-110-milhoes-em-propina-15915513#ixzz3XcqIwClr 
 

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